II
Estava apenas lendo, tomando cerveja do lado de fora, frio, do bar, pois não havia lugar dentro. No primeiro cigarro apareceu a mulher. Estava dentro, no balcão, exibindo seu corpo e olhando vez ou outra ali pra fora. Mal chamou a atenção além disso tudo até a hora em que veio até a minha mesa: "Lendo um livro, hein?" ela disse. Senti vontade de responder com a brutalidade que esse tipo de comentário merece, mas me contive: "Senta aí.". Sentou-se. Continuei lendo. Fez menção de perguntar alguma coisa sobre o autor, mas interrompi informando o preço: "Oitenta reais!". Ela disse que eu estava supervalorizando o produto, ou alguma coisa assim e saiu. Estava claro que era uma brincadeira, mas creio até que estava cobrando barato. Antes dela ir embora ainda falei algo como: "Já que você não sabe mesmo o que está perdendo, volte pra sua vida de merda!". Ela saiu irritada e eu nem ligando pra isso.
Estava cansado. Tinha trabalhado o dia inteiro e depois andado uns quatro quilômetros pra chegar naquele bar e ler algumas páginas sossegado. Não havia espaço para conversas prostitutas.
Andei esses quilômetros não por necessidade, mas por vontade. Meus pés começaram a doer nas primeiras centenas de metros por causa do sapato novo que eu estava usando, mas continuei mesmo assim. O som no toca-fitas estava legal.
A mulher foi embora e eu continuei lendo com cerveja. Acho que preciso me alimentar melhor, essas coisas já estão fazendo efeito antes da terceira garrafa. Parei, paguei, vesti uma blusa que estava na mochila. Meus braços já estavam ficando azuis por causa frio. Desci a rua livre mais conhecida, porém não a melhor, da cidade ouvindo mais música. Durante o caminho, antes de atravessar uma rua, dessas super lotadas, me distraí com o tipo de gorro que uns caras barbudos usavam. Eram uns três e uma mulher que também parecia ter barba. O gorro era desses que os padres usam, não sei ao certo. Todos de preto. Enquanto olhava, meio que encantado e curioso e com raiva daquelas cabeças, passou do nosso lado uma viatura de polícia, fazendo alarde no trânsito. Parou tudo. A mulher barbada já estava estranhando minha atenção na cabeça dos desgraçados e a sirene tocando e aumentando a confusão naquele trânsito que de maneira alguma precisava disso. Eu só queria atravessar, porra! E a mulher me olhando e a sirene tocando... Atravessei a desgraça da rua naquela confusão mesmo. Desci mais e a confusão era a mesma. E eu segui ouvindo um som por entre os carros...
Estava cansado. Tinha trabalhado o dia inteiro e depois andado uns quatro quilômetros pra chegar naquele bar e ler algumas páginas sossegado. Não havia espaço para conversas prostitutas.
Andei esses quilômetros não por necessidade, mas por vontade. Meus pés começaram a doer nas primeiras centenas de metros por causa do sapato novo que eu estava usando, mas continuei mesmo assim. O som no toca-fitas estava legal.
A mulher foi embora e eu continuei lendo com cerveja. Acho que preciso me alimentar melhor, essas coisas já estão fazendo efeito antes da terceira garrafa. Parei, paguei, vesti uma blusa que estava na mochila. Meus braços já estavam ficando azuis por causa frio. Desci a rua livre mais conhecida, porém não a melhor, da cidade ouvindo mais música. Durante o caminho, antes de atravessar uma rua, dessas super lotadas, me distraí com o tipo de gorro que uns caras barbudos usavam. Eram uns três e uma mulher que também parecia ter barba. O gorro era desses que os padres usam, não sei ao certo. Todos de preto. Enquanto olhava, meio que encantado e curioso e com raiva daquelas cabeças, passou do nosso lado uma viatura de polícia, fazendo alarde no trânsito. Parou tudo. A mulher barbada já estava estranhando minha atenção na cabeça dos desgraçados e a sirene tocando e aumentando a confusão naquele trânsito que de maneira alguma precisava disso. Eu só queria atravessar, porra! E a mulher me olhando e a sirene tocando... Atravessei a desgraça da rua naquela confusão mesmo. Desci mais e a confusão era a mesma. E eu segui ouvindo um som por entre os carros...