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Rafael Mafra

quarta-feira, junho 07, 2006

III

Ai, minha cabeça! Dói só de lembrar. Era o fim da madrugada ainda. Aquela hora horrível em que o céu fecha as mãos para os temperos da noite e cai por cima de tudo com o melancólico azul do amanhecer, pouco antes do sol surgir por detrás dos edifícios com aquele tão conhecido sorriso idiota amarelado. Ótima precaução tomei com os pares de cobertores cinzas em cada janela do quarto. Minha cabeça, que já doía, piorava só de imaginar o dia lá fora. Parecia que consideráveis goteiras de luz insistiam em entrar, tingindo tudo de ouro. O travesseiro por cima da cabeça me ajudou a voltar ao sono.
Horas mais tarde, os olhos abertos. Parecia ser a mesma coisa. Minha cabeça doía cada vez mais. E eu precisava sair dali. Tinha de tomar banho, cortar as unhas... ora bolas, eu já havia tomado banho! Ou não? Não sei... creio que sim, antes de trancar as janelas com os cobertores. Minhas unhas ainda estavam grandes...
Eu havia sido convidado pra cuidar do bar em uma festa, na noite anterior. Decisão inteligente tomaram. Eu sempre pago minhas bebidas. Lucro na certa!
Ali no quarto todas as minha forças trabalhavam para que eu levantasse. Precisava jogar uma água gelada na cabeça, me vestir e sair. Ah, merda! Os compromissos...
Todas as minhas forças não bastavam para mais que abrir os olhos e revirar meu corpo de um lado para o outro, a cada quinze segundos, tentando achar a melhor posição para meu estômago. Havia alguma coisa errada...
Ah, que vômito! Belo! Belo vômito! A quarta vez nesta semana. Somente líquido. Aliás, todas as quatro vezes, somente líquido. Creio que estou carente de vitaminas. Essas coisas que ando tomando já não caem como antes. Estou fraco. Preciso de vitaminas...
O estômago e os compromisso já tinham desaparecido de meus pensamentos. A cabeça e a dor continuavam...
Médicos... Tolos! Dois segredos para evitá-los: vômito para ressaca e dor de estômago; sexo para ressaca e dor de cabeça!
Não havia mais espaço para minhas dores se divertirem, mas estávamos ainda ali e o dia lá fora. A perda da tarde não foi menos que prazerosa. Pude então, novamente, encontrar-me com a noite. Não pude fugir-lhe à sedução, mesmo que jamais houvesse conhecido tal estado de exaustão...

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Very cool design! Useful information. Go on! »

5:11 PM, fevereiro 22, 2007  

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